terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Uma breve observação num caderno de criança: a Família.

     Eu faço minhas unhas na casa de uma amiga da minha mãe. Ela tem três filhos: dois meninos (mais velhos) e uma garotinha, cerca de seis anos. Quando minhas unhas são finalizadas, eu me sento num sofá na mesma sala para esperar minha tia fazer as unhas dela.
    Enquanto eu esperava, fui foleando os cadernos da menina, que estavam empilhados próximos a mim. As matérias eram básicas: matemática, português, ciências, ética e cidadania... Ética e cidadania? Eu não me lembro dessa matéria nos meus tenros tempos de escola. Decidi visualizar melhor. Dentre temas muito simples -que, para mim, deveria ser dever dos pais- eram ensinados a  respeitar o coleguinha, ajudar a quem precisa, ser educado com as pessoas, o básico para um ser humano conviver bem em sociedade. Porém, percebi uma atividade deveras interessante.
   
    Ao que parece, a professora passou um filme aos alunos e pediu-lhes que escrevessem tendo a família como foco dessa redação primitiva.

    O filme escolhido foi Tarzan, e ela escreveu o seguinte "A família é o nosso porto seguro. Não importa como ela é formada e sim em que ela se baseia...
   
 ...No amor.
    
    O que me chamou atenção aqui é que mesmo numa cidade pequena é possível observar uma visão muito animadora no que diz respeito à igualdade LGBT nesse campo delicado e fundamental que é a família. 
    Todos nós já vimos -ou espero que sim- Tarzan (da disney) e sabemos que os pares formados são heterossexuais, contudo ao dar ênfase nas palavras "não importa como ela é formada" abrimos um leque de diversidade no mundo real e a partir delas fica mais fácil explicar para as crianças essa diversidade, construindo uma sociedade que aceite melhor um casal com dois pais ou duas mães ou que um dos pais seja trans, talvez.
    Essa atividade, supostamente dirigida pela professora, ressalta mais a importância do amor e da segurança que a família deve passar do que seu formato. Eu não sei se aconteceu, mas também seria interessante que a professora citasse diferentes tipos de família que existe, espero que ela tenha citado, apesar de eu compreender o risco que seria passar isso para o caderno das crianças sem um apoio do governo. É por isso que cartilhas que mostram famílias diferentes não deveriam ser linchadas e vistas como uma tentativa de homossexualizar nossas crianças (o que é ridículo, porque não se vira homossexual), mas serem aceitas como ferramente básica de cidadania.


Como esse ótimo exemplo que a Alemanha nos dá (além de futebol)
Simples e sem erotização.
    Ao final da lição, há um desenho. É de uma família heterossexual? Sim, mas não há em momento algum no texto que ela deve ser formada por pai e mãe, homem e mulher, e isso já me deixou bem otimista.