sábado, 14 de julho de 2018

UMA FANFIC ENTRE RUBI E SAFIRA.

    Antes de começarmos a leitura gostaria de dar uns avisos e contextualizar. Esta é uma história ficcional do desenho animado Steven Universe de Rebecca Sugar. A história se passa na época em que as diplomatas da Terra Natal das gems são chamadas para investigar o caso das Crystal Gems, dias antes da primeira fusão entre Rubi e Safira no episódio "A Resposta", contado pela Garnet. Sim, eu inventei coisas que nunca foram faladas no desenho para incrementar a história, porém com a maior verossimilhança e coesão possível. Aproveitem.


            "A Zircônia bate a porta e entra nos aposentos com muito cuidado sabendo que a gem que está ali aprecia sutileza.
            —Senhorita Safira, venho lhe informar que a vossa Altíssima Diamante Azul requisita suas habilidades no combate contra as “Crystal Gems”. Uma nave está sendo preparada e partirá amanhã.
            —Obrigada, Zircônia. —Respondeu Safira em baixo tom.
            Ela sabia que seria chamada e estava a par da revolta que teria se iniciado na colônia da Diamante Rosa. Amadora, pensou. As outras Diamantes nunca precisaram de ajuda para colonizar novos planetas, mesmo que este planeta já estivesse dominado por vida inteligente possuidora de poder bélico. Foram raras as vezes, mas já aconteceu.
            Teria de se preparar agora, estudar os movimentos anteriores dessas rebeldes para prever seus movimentos futuros e garantir meios para encerrar esse motim. A viagem e os dias que se seguirão serão de concentração.

                                                                    
—Mexam-se seus projetos de gem! Quero todas em sentido AGORA! —Gritou a Ágata Azul. Não que não houvesse necessidade, foco não era, de longe, uma das principais habilidades das rubis. Diziam as más línguas que para a fabricação desse tipo de gem priorizou-se tanto a força bruta e destreza corporal que a parte pensante ficou comprometida. Três rubis se alinharam diante da Ágata, —Vocês foram minuciosamente selecionadas para uma tarefa muito importante: proteger uma Safira, gem responsável por prever o futuro e que irá nos trazer paz das dores de cabeça causadas por essas “Crystal Gems”. Vocês precisam ter em mente de que se trata de uma gem da alta corte da Diamante Azul, espero de vocês atitudes a altura dessa distinta classe da nossa sociedade, portanto nada de gracinhas! Arrumem o que for preciso, estão dispensadas.
            Uma Safira. Nenhuma delas nunca havia visto uma, dizem que são raras. Com um poder desse, como não seriam? Porém as rubis estavam mais interessadas em lutar contra as rebeldes do que conhecer membros da corte Diamante.

                                                            
—Bom dia, senhorita. —Disse a pérola. —Eu fui designada para acompanhá-la durante sua estadia pela Terra. A nave aguarda.
            —Certo, também estou pronta. —Disse Safira em um tom solene.
            Suas três guarda-costas estavam à sua espera para partir junto a outras gems diplomáticas. Duas rubis lançaram olhares cobiçadores à pérola, comentando entre si como seria ter uma, discutindo planos para capturarem as traidoras e serem recompensadas com riquezas, cargos de poder e até pérolas, criadas muito finas dentro da sua sociedade. A outra, cuja pedra era localizada na palma da mão esquerda, ficou observando aquela criatura serena e azulada, que passou como uma brisa alpina por elas. Ficou imaginando onde estaria sua gema, se era nas costas, por baixo daquele longo cabelo branco e sedoso ou no lugar de um dos olhos, escondida atrás da franja.
            A nave era grande e comportava espaços de recreação e lazer para as aristocratas, separados da ala onde ficavam as soldados, serviçais e técnicas de manutenção. Safira estava na sala acústica, onde a reverberação do som era melhor, treinando algumas notas quando previu alguém por detrás das cortinas do pequeno palco onde se encontrava. Ela sabia quem era e sabia que sua forma física não haveria de se desvanecer naquela nave para retorná-la na Terra, portanto não havia o que temer ali, mesmo assim perguntou:
            —Quem está aí?
            Nenhuma resposta.
            —Apareça imediatamente. —Insistiu.
            —Sou eu. Perdão madame. —Disse Rubi.
            —Por que me vigiava, soldado?
          —Eu, é, eu nunca tinha ouvido nada parecido antes. Me desculpa, eu não deveria ter aparecido, foi uma completa falta cortesialidade.
            —Cordialidade, você quis dizer.
            —Sim! Perdão, madame. —Disse Rubi constrangida por ter sido descoberta e por ter errado uma palavra frente a uma gem tão finamente letrada.
            —Humm.
            Sem esboçar semblante nenhum, Safira aproximou-se de Rubi. Tocou levemente sua mão direita ao lado do braço daquela gem, um pouco abaixo do ombro, e desceu com seus dedos delicados até chegar nas mãos grossas da guarda-costas e virá-la para si. Rubi sentiu aquele toque como gelo do inverno. Aquilo lhe pareceu extraordinário porque até então só sentira o toque escaldante das suas companheiras rubis, apesar de estar tomada pelo nervosismo.
            —Então você gostou da minha música. —Disse Safira soltando delicadamente a mão da gem depois de observar sua gema.
            —Sim. Eu já tinha ouvido canto antes, até de orgânicos em outras colônias, mas nada perto disso.
            —Você poderá me ouvir cantar sempre que puder e desde que isso não atrapalhe seus deveres. Ficarei feliz em vê-la em uma das minhas apresentações em nossa Terra-Natal.
            —S-sim, muito obrigada, madame, eu prometo não te decepcionar! Agora eu, hum, preciso voltar aos meus afazeres.
            Rubi rapidamente deixou aquele recinto com o medo de incendiá-lo, deixando Safira pensativa a respeito daquela distinta soldado que conhecera. Como posso não enxergar o futuro dela? Pensou intrigada. Ela já havia previsto sua vida inteira pela frente e era capaz de prever acontecimentos relacionados a outras gems, mas algo nessa rubi parecia diferente.
                 Ambas só voltaram a se encontrar novamente na Terra, dentro da arena das nuvens e Safira sabia disso."

    
    Então, pessoal, eu acho muito fraco o mercado nacional de fanfics, principalmente quando se trata de Steven Universo. Espero que tenham gostado, lembrando que nenhuma dessas personagens pertencem a mim e sim à Rebecca Sugar.

Safira e Rubi, respectivamente, no episódio "A Resposta"



domingo, 24 de junho de 2018

Onde Levei Seu Nome

Para a lonjura dos Campos Rupestres
Onde o vento afaga as Eriocaulaceae
E as rochas apontam para o Oeste
Onde os carcarás descansam suas asas

Onde a história do novo mundo se formou
Lugar em que a vida cresce em pedra e areia
Eu disse seu nome em baixo tom
Nesta terra em que o fogo incendeia

Assim, os espíritos do Pré-Cambriano
Testemunharão a sua memória que vive em mim
Como onde o verde que brota do branco
A teimosia, para esta mente, não existe fim

A secura desta terra que nos une
E a dureza da paisagem que nos cerca
Sempre será nosso lar este
A beleza rústica da serra.

Orvalina Augusta Teixeira
Foto de Ananda Portela

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Vidas que Mudam, Problemas que Ficam.

      Eu quero falar de algumas questões pessoais aqui. Eu sempre me achei muito distante da minha irmã até descobrir que temos muito em comum e nenhuma dessas características é algo a ser celebrado, infelizmente. Hoje estou me abrindo e revelando pensamentos embaraçosos, contudo eu acredito que possa ser útil para alguém não cometer o mesmo erro que eu e minha irmã. Ou só de aliviar o coração também já está bom por que acabei de perceber esse padrão em nossas vidas.
      Há um par de anos atrás a minha irmã veio pra BH. E quando ela veio, tudo era maravilhoso. As pessoas, a casa, o clima, até o ar. A filha dela dormia melhor, ela se sentia mais feliz. Só que daí problemas começaram a aparecer e ela quer se mudar para Foz de novo. Ela sempre teve problemas e eu também sempre tive problemas, nossos problemas gerados na mesma origem.
      Aí eu arrumei um namorado e achei que os problema cessariam, mas isso não aconteceu. Eles só estavam soterrados por uma espessa camada de paixão que logo queimou e fez emergir todos aqueles problemas. Ele também tinha problemas e os nossos problemas foram se empilhando em vez de se resolverem e acabou sendo insustentável manter uma relação amorosa com essas duas pessoas. Mais tarde eu descobri que qualquer tipo de relação entre nós era insustentável, mesmo que seja uma simples amizade. Hoje sinto falta dele e da estabilidade que ele me proporcionava, mesmo sabendo que não somos a melhor pessoa uma para a outra e que eu ainda tenho muito mais a aprender antes de estar com alguém novamente. E como eu quero. Como eu quero uma pessoa só para escapar desses problemas e até resolvê-los assim como a minha irmã ter se mudado para BH tornou-a a pessoa mais satisfeita da cidade no primeiro ano de estadia, no entanto eu sei que isso não vai acontecer. É impossível de acontecer.
      Os problemas não somem com o lugar em você vive ou com a pessoa que você está. Os problemas estão aí com você, no fundo do seu ser e várias pessoas levam um estilo de vida tóxico para quem está ao seu redor e a si mesmas só para não prestar atenção nos seus problemas. Mesmo que estes problemas não sejam culpa sua, mesmo que alguém os imputou em você. Por que você pode não ser assim tão deslocado por seus próprios méritos, você é produto das suas relações e do seu meio, isso é uma verdade a que todos fecham os olhos. Porém, no momento em que você percebe isso há uma nova opção na jogada: a opção de buscar ajuda e mudar. E quantas pessoas não percebem isso? Quantas pessoas apenas mudam de parceiro ou parceira em busca de preenchimento? Que não conseguem se estabilizar em uma relação ou em um lugar. Que se mudam buscando encontrar em novos ares o que não encontram em si mesmas. Ou que mudam de profissão sem se sentirem realizadas nunca? Enfim.
      Eu ia escrever isso no Twitter, mas acabou ficando longo de mais. Ter tempo para me permitir ficar triste e até mesmo sentir saudades do meu ex-namorado me fez perceber o que precisa ser mudado para eu melhorar a qualidade da minha vida e quando isso acontecer eu não vou precisar namorar ninguém para me sentir bem.
      Quanto à minha irmã? Ela também está nesse processo de busca. Ela irá se mudar em Janeiro, a propósito, espero que ela encontre o que está procurando.



terça-feira, 29 de maio de 2018

O Anseio de Cegar.

Ó, queria também cegar.
Cegar para sempre.
Pressionar os olhos e deixar a escuridão dominar.

Cegar para a dor no Peito,
Cegar para a dor da Perda,
Cegar para as Pontadas
Cegar para a Pele.

Preencher o vazio com o Preto.
Profundo, sinistro.
Preto infinito.
Prevalecer as trevas diante do meu Olhar.

Cegar para o que é carinhoso.
Cegar para as coisas bonitas.
Cegar para o céu Azul do inverno
Cegar para o Amarelo da primavera.

Cegar para não ver o que me espera.
Cegar as mãos que se renderam à tentação.
Cegar a sede e a vontade.
Cegar o aperto da curiosidade.

Cegar o mundo para mim,
Cegar por ventura qualquer futuro,
Cegar de você, enfim.

Orvalina Augusta Teixeira



    Eu fico imaginando se um dia alguém irá de se dar ao trabalho de interpretar esses meus poemas.

terça-feira, 8 de maio de 2018

É diferente.

-Tá vendo, zé? A gente mata os bicho e come. A gente tira os bicho da cerca, mata, coloca no fogo e come.
-Não tem bicho que come a gente também?
-Ma que raio, zé! É diferente, não tá veno?
-Hummm.

      Naquela época talvez não fosse fácil para ele entender.

Outro breve conto

-Será que os bicho também acredita, irmão?
-Vai dormi, zé.
-Ou será que o trovão pra eles é só trovão?
-Vai dormi, sua sarna!
     
      na revolução agrícola.

Descrição.

      Margaridas, cravos, rosas, as mais lindas flores. Panos brancos e perolados, carpete fino no chão, detalhes em dourado. A cerimônia estava linda.
      Ele também estava.
      Talvez tivesse sido sobre eu e ele ou somente sobre ele. Não, entretanto, foi sobre nós dois. Mais você e a mensagem que eu ignorei.
      Os noivos estavam cumprimentando os convidados e ele me viu. Educado como ele é, sorriu para mim e disse-me algumas palavras cordiais. Todo sofrimento, podia-se ver em seu semblante sincero, fora embora, sobrando apenas o sorriso cimentado no rosto. Tomada por um sentimento de civilidade, decidi prestar-lhes homenagem. Entre votos de felicidade e palavras polidas eu o vi. Discreto em meio a multidão, o seu olhar atingiu-me como uma adaga atinge o alvo nas mãos de uma assassino.
      Uma pausa.
      Não era necessário mais do que alguns segundos para eu perceber o que estava acontecendo ali. Você.
      Fitando.
      Alertando.
      Reprovando.
      Eu poderia inventar mil frases para uma única palavra  para o que aqueles olhos negros diziam com. "Pare". Voltei-me, contudo, ao teatro do meu discurso e prossegui com a peça. Terminado os aplausos e os agradecimentos, parti em sua busca, mesmo sabendo que você nunca dizia mais que o necessário. E você já havia dito o bastante, por isso não me espantei quando não o encontrei, porém a solitude quebrou em minha cabeça como uma onda quebra na praia, engolindo os pequenos seres na areia.
      Ele me avistou novamente e veio eloquente falar comigo sobre seu grande amor e o embrião que cresce no ventre dela. Eu o escutei com a postura exigida pelo evento, mesmo estando imersa num vazio mais vasto que toda aquela alegria. Ele estava impecável em todos os sentidos possíveis, tão limpo de tudo que nem notou meu cabelo oleoso, os trapilhos que eu vestia e o odor que emanava da minha pele. Percebi, então, que não estava a caráter daquele evento tão fino.
      Você tinha razão. Eu não pertenço a este lugar. Percebo isso só agora, ao ver como ele está embriagado com a sua própria felicidade enquanto eu já passei há muito tempo do estágio do torpor que outrora me fazia andar pelas nuvens, restando-me agora sobreviver à ressaca.
      E quando acordei em agonia eu já não sabia mais distinguir a realidade da fantasia. Entre um sonho e outro, a Razão lutava para me tirar do mundo dos sonhos.



Um breve conto

-Irmão, tô achando que a gente é bicho que nem os otro bicho.
-Tá loco, zé? Cala a boca e pega esse trigo aí.
-É que é tanta coisa que a gente faz que eles faz.
-Pega o trigo aí quéto e deixe de bobage.

      em algum canto na revolução agrícola.

terça-feira, 24 de abril de 2018

"O que eu bebi por você.

Não dá para ver
As pessoas enxergam, porém
É vergonhoso dizer
Não dá para esconder de ninguém

O que eu bebi por você.

É forte de mais
Um tanto confuso eu ficava
Queria voltar atrás
Uma coisa que muito eu almejava

O que eu bebi por você.

Fazia-me desabar
Chuvas fortes em pleno outono
Reerguendo-me o tanto quanto basta
Para disfarçar o pranto

O que eu bebi por você.

Na aula, no cinema, no teatro
Nem à companhia dos amigos havia folga
No bar, no salão, no quarto
O tempo tod um gole dessa cachaça

O que eu bebi por você?

Não era destilado, não era álcool, não era fermentado
Não era Dime, não era quente, não era sagrado
Não era batido, não era ardido, não era gelado
Era meu eu que produzia, um tanto amargurado"

 Alberto Santana de Vieira


sexta-feira, 16 de março de 2018

Redescobrindo o Amor.

    Há poucas horas parecia que nunca mais a terra estaria úmida pelos céus novamente.
    Já aceitara a secura que se estabeleceria por muitos ciclos de lua até que, sem nenhum aviso, o dia tornou-se noite às 16:42 de uma quarta-feira.
    Os relâmpagos ardiam pelos céus e seus trovões ressoavam pelas estruturas. As gotas de chuva eram leves, porém o vento, rugindo pela superfície daquela terra, arremessavam-nas com tanta violência que as pobres gotas tornaram-se agulhas gélidas que colidiam contra seu rosto na falha tentativa de perfurá-lo. Dançavam no ar ao sabor do vento e formavam as mais lindas ondas verticais.
     Naquele momento não existia solo árido ou camadas de pano que não fossem vigorosamente penetrados por aquela água.

quinta-feira, 8 de março de 2018

"Fogo

Serei eu o fogo?

Sinto que tenho algum fogo dentro de mim.

Um fogo que não aquece,
Um fogo que consome tudo em destruição.
Um fogo que não ilumina,
Um fogo que queima sem restrição.

Tendo esse fogo dentro de mim, só a doçura da água pode controlar.

Desfazendo-se em vapor,
Perdendo-se para ele.
Encontrou a água outro curso
E não mais ela o teme."


Alberto Santana de Vieira



Uma Verdade Terrível, meu ex.

Eu sou sua cicatriz
Eu sou seu pior pesadelo
Minha pele é de pedra,
Meu coração é de gelo

Eu faço você fugir
Eu faço você chorar
Não adianta esconder,
Pois a ti irei encontrar

A ti irei caçar
No escuro da noite
Seu sono deturbar
Sua paz irei tirar

Ouvindo minha voz
No fundo da tua mente
Vais sentir a tua algoz
Perfurar as tuas lentes

Aguá há de jorrar
No fundo do teu travesseiro
Você irá se culpar
Pelo amor derradeiro

Ao ficar paralisado
Com outra alguém especial
Duras palavras insultarão
Este coração amaldiçoado

Quero dizer-te entretanto
Em vão procuras em mim um alvo
Tua fúria e teu pranto
Por outro motivo estão ao seu calço

Em casa encontras um espelho?
Observa aquela pequena luz
Olhas no fundo dos teus pontos negros
A menina que verás é tu.





Um poema velho. Os sentimentos movidos por ele já não correspondem com a realidade, contudo eu o acho bonito de mais para manter-se no anonimato.

"Apesar de Mim

Eu inventei esse estado
Você insiste
Colocando-te na escuridão
Sentindo-se logrado.

Apesar de mim
Vai-te brilhar toda euforia
Aos novos raios, o galo há de cantar
Ao sorrir do teu novo dia.

Sobre todo teu sofrimento
Venho pagando com juros,
Pois da culpa não se pode fugir.
Anime-se, por chegaste o momento.

Apesar de mim
Teu amor, não o reprimas.
Grites aos quatro ventos,
Pois, para ti, há de nascer novos dias.

Sobre débitos ainda,
Do preço não fizeste desconto.
A réplica da tua dor eu pago
Da sua existência, a minha saída.

Apesar de mim
O pranto e a lamúria,
Ao rolar de cada lágrima, seu fim terá,
Com o chegar de um novo dia

Inventaste eu, também, a tristeza.
Culpado eu sou
Nem ao menos poderei desfazê-la
Tamanha foi a minha indelicadeza.

Apesar de mim
Não te preocupas
Esbanjarás tulipas com teu sorriso
Rosas serão suas palavras

Em verdade digo a ti:
Se na amargura da solidão
Hei mesmo de perecer
Não irei reclamar de ver teu jardim.

Lá do seu interior
Espero que brote a risada
Se mal me queres
Tua fortuna será realizada."


Alberto Santana de Vieira.

    Dizem que Alberto S. V. escreveu este poema depois de ler uma carta de sua ex-amada clamando que ele era o pior dos trastes, o causador da sua ruína, o mais vagabundo dos vira-latas, o demônio mais pútrido depois de lha partir o coração.

Amante Improvável.

Eu espero.
Ela sempre chega à noite.
Calma. Serena.
Ela brinca comigo até tomar-me por inteira.
E eu, sem perceber, fico molhada.
E ela, sobre mim, me domina.

Fria como os ventos de Julho, preta como a noite, eu mergulho em seu torpor refrescante.
Aos soluços e calafrios eu vou me perdendo dentro dela.

E ela esconde a outra chuva que escorre pela minha face.


Rainy Night por Pure-Poison89