domingo, 24 de junho de 2018

Onde Levei Seu Nome

Para a lonjura dos Campos Rupestres
Onde o vento afaga as Eriocaulaceae
E as rochas apontam para o Oeste
Onde os carcarás descansam suas asas

Onde a história do novo mundo se formou
Lugar em que a vida cresce em pedra e areia
Eu disse seu nome em baixo tom
Nesta terra em que o fogo incendeia

Assim, os espíritos do Pré-Cambriano
Testemunharão a sua memória que vive em mim
Como onde o verde que brota do branco
A teimosia, para esta mente, não existe fim

A secura desta terra que nos une
E a dureza da paisagem que nos cerca
Sempre será nosso lar este
A beleza rústica da serra.

Orvalina Augusta Teixeira
Foto de Ananda Portela

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Vidas que Mudam, Problemas que Ficam.

      Eu quero falar de algumas questões pessoais aqui. Eu sempre me achei muito distante da minha irmã até descobrir que temos muito em comum e nenhuma dessas características é algo a ser celebrado, infelizmente. Hoje estou me abrindo e revelando pensamentos embaraçosos, contudo eu acredito que possa ser útil para alguém não cometer o mesmo erro que eu e minha irmã. Ou só de aliviar o coração também já está bom por que acabei de perceber esse padrão em nossas vidas.
      Há um par de anos atrás a minha irmã veio pra BH. E quando ela veio, tudo era maravilhoso. As pessoas, a casa, o clima, até o ar. A filha dela dormia melhor, ela se sentia mais feliz. Só que daí problemas começaram a aparecer e ela quer se mudar para Foz de novo. Ela sempre teve problemas e eu também sempre tive problemas, nossos problemas gerados na mesma origem.
      Aí eu arrumei um namorado e achei que os problema cessariam, mas isso não aconteceu. Eles só estavam soterrados por uma espessa camada de paixão que logo queimou e fez emergir todos aqueles problemas. Ele também tinha problemas e os nossos problemas foram se empilhando em vez de se resolverem e acabou sendo insustentável manter uma relação amorosa com essas duas pessoas. Mais tarde eu descobri que qualquer tipo de relação entre nós era insustentável, mesmo que seja uma simples amizade. Hoje sinto falta dele e da estabilidade que ele me proporcionava, mesmo sabendo que não somos a melhor pessoa uma para a outra e que eu ainda tenho muito mais a aprender antes de estar com alguém novamente. E como eu quero. Como eu quero uma pessoa só para escapar desses problemas e até resolvê-los assim como a minha irmã ter se mudado para BH tornou-a a pessoa mais satisfeita da cidade no primeiro ano de estadia, no entanto eu sei que isso não vai acontecer. É impossível de acontecer.
      Os problemas não somem com o lugar em você vive ou com a pessoa que você está. Os problemas estão aí com você, no fundo do seu ser e várias pessoas levam um estilo de vida tóxico para quem está ao seu redor e a si mesmas só para não prestar atenção nos seus problemas. Mesmo que estes problemas não sejam culpa sua, mesmo que alguém os imputou em você. Por que você pode não ser assim tão deslocado por seus próprios méritos, você é produto das suas relações e do seu meio, isso é uma verdade a que todos fecham os olhos. Porém, no momento em que você percebe isso há uma nova opção na jogada: a opção de buscar ajuda e mudar. E quantas pessoas não percebem isso? Quantas pessoas apenas mudam de parceiro ou parceira em busca de preenchimento? Que não conseguem se estabilizar em uma relação ou em um lugar. Que se mudam buscando encontrar em novos ares o que não encontram em si mesmas. Ou que mudam de profissão sem se sentirem realizadas nunca? Enfim.
      Eu ia escrever isso no Twitter, mas acabou ficando longo de mais. Ter tempo para me permitir ficar triste e até mesmo sentir saudades do meu ex-namorado me fez perceber o que precisa ser mudado para eu melhorar a qualidade da minha vida e quando isso acontecer eu não vou precisar namorar ninguém para me sentir bem.
      Quanto à minha irmã? Ela também está nesse processo de busca. Ela irá se mudar em Janeiro, a propósito, espero que ela encontre o que está procurando.