sexta-feira, 16 de março de 2018

Redescobrindo o Amor.

    Há poucas horas parecia que nunca mais a terra estaria úmida pelos céus novamente.
    Já aceitara a secura que se estabeleceria por muitos ciclos de lua até que, sem nenhum aviso, o dia tornou-se noite às 16:42 de uma quarta-feira.
    Os relâmpagos ardiam pelos céus e seus trovões ressoavam pelas estruturas. As gotas de chuva eram leves, porém o vento, rugindo pela superfície daquela terra, arremessavam-nas com tanta violência que as pobres gotas tornaram-se agulhas gélidas que colidiam contra seu rosto na falha tentativa de perfurá-lo. Dançavam no ar ao sabor do vento e formavam as mais lindas ondas verticais.
     Naquele momento não existia solo árido ou camadas de pano que não fossem vigorosamente penetrados por aquela água.

quinta-feira, 8 de março de 2018

"Fogo

Serei eu o fogo?

Sinto que tenho algum fogo dentro de mim.

Um fogo que não aquece,
Um fogo que consome tudo em destruição.
Um fogo que não ilumina,
Um fogo que queima sem restrição.

Tendo esse fogo dentro de mim, só a doçura da água pode controlar.

Desfazendo-se em vapor,
Perdendo-se para ele.
Encontrou a água outro curso
E não mais ela o teme."


Alberto Santana de Vieira



Uma Verdade Terrível, meu ex.

Eu sou sua cicatriz
Eu sou seu pior pesadelo
Minha pele é de pedra,
Meu coração é de gelo

Eu faço você fugir
Eu faço você chorar
Não adianta esconder,
Pois a ti irei encontrar

A ti irei caçar
No escuro da noite
Seu sono deturbar
Sua paz irei tirar

Ouvindo minha voz
No fundo da tua mente
Vais sentir a tua algoz
Perfurar as tuas lentes

Aguá há de jorrar
No fundo do teu travesseiro
Você irá se culpar
Pelo amor derradeiro

Ao ficar paralisado
Com outra alguém especial
Duras palavras insultarão
Este coração amaldiçoado

Quero dizer-te entretanto
Em vão procuras em mim um alvo
Tua fúria e teu pranto
Por outro motivo estão ao seu calço

Em casa encontras um espelho?
Observa aquela pequena luz
Olhas no fundo dos teus pontos negros
A menina que verás é tu.





Um poema velho. Os sentimentos movidos por ele já não correspondem com a realidade, contudo eu o acho bonito de mais para manter-se no anonimato.

"Apesar de Mim

Eu inventei esse estado
Você insiste
Colocando-te na escuridão
Sentindo-se logrado.

Apesar de mim
Vai-te brilhar toda euforia
Aos novos raios, o galo há de cantar
Ao sorrir do teu novo dia.

Sobre todo teu sofrimento
Venho pagando com juros,
Pois da culpa não se pode fugir.
Anime-se, por chegaste o momento.

Apesar de mim
Teu amor, não o reprimas.
Grites aos quatro ventos,
Pois, para ti, há de nascer novos dias.

Sobre débitos ainda,
Do preço não fizeste desconto.
A réplica da tua dor eu pago
Da sua existência, a minha saída.

Apesar de mim
O pranto e a lamúria,
Ao rolar de cada lágrima, seu fim terá,
Com o chegar de um novo dia

Inventaste eu, também, a tristeza.
Culpado eu sou
Nem ao menos poderei desfazê-la
Tamanha foi a minha indelicadeza.

Apesar de mim
Não te preocupas
Esbanjarás tulipas com teu sorriso
Rosas serão suas palavras

Em verdade digo a ti:
Se na amargura da solidão
Hei mesmo de perecer
Não irei reclamar de ver teu jardim.

Lá do seu interior
Espero que brote a risada
Se mal me queres
Tua fortuna será realizada."


Alberto Santana de Vieira.

    Dizem que Alberto S. V. escreveu este poema depois de ler uma carta de sua ex-amada clamando que ele era o pior dos trastes, o causador da sua ruína, o mais vagabundo dos vira-latas, o demônio mais pútrido depois de lha partir o coração.

Amante Improvável.

Eu espero.
Ela sempre chega à noite.
Calma. Serena.
Ela brinca comigo até tomar-me por inteira.
E eu, sem perceber, fico molhada.
E ela, sobre mim, me domina.

Fria como os ventos de Julho, preta como a noite, eu mergulho em seu torpor refrescante.
Aos soluços e calafrios eu vou me perdendo dentro dela.

E ela esconde a outra chuva que escorre pela minha face.


Rainy Night por Pure-Poison89